quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sentido de desorientação

Eu tento. Juro que tento. Esforço-me por decorar os caminhos. "Direita, esquerda, quiosque na esquina, supermercado, rotunda, direita, ok!". Só que depois parece que alguém pega nas ruas e altera-as, por pura maldade. "Ui! onde está o supermercado? e o quiosque? duas rotundas? mas era só uma! merda, perdi-me!".

Eu tento mesmo a sério. Tento até quase doer a cabeça. Acabo sempre por me perder. É por isto que o Gps foi, para mim, das melhores invenções de todo o sempre. Sem Gps seria daquelas pessoas que passam em Elvas para ir de Setúbal a Sintra, só porque naquela rotunda saíram na primeira em vez de sair na segunda saída e foram por aí fora, felizes da vida.

Já ele, quase de olhos fechados, consegue chegar a todo o lado. É frustrante! Às vezes vou a fazer de co-piloto, enquanto andamos de carro, e temos diálogos surreais:
- Que gira casa! Já viste? Aqui do lado direito. Adoro a varanda.
- Já vi, claro. Estamos fartos de a ver.
- O quê? Nunca passámos aqui!
- Claro que passámos, esta é a rua da pizzaria.
- Que pizzaria?
- A pizzaria perto de nossa casa. A nossa casa é duas ruas a seguir.
- Oh! É nada...
- Pizzaria aí do teu lado. Vês?
- Nem percebi que já estávamos aqui. Vieste por um caminho novo, pensei que estávamos muito mais longe.
- Hmmm... Casa! Chegámos!

Acho que já não há nada a fazer. Da mesma forma que eu decoro as datas e consigo dizer, sem pensar muito tempo, onde estava em junho de 1998 (e ele perde-se completamente no tempo!), não consigo orientar-me no espaço. Nunca faço ideia para que lado é norte ou sudoeste. Se o mar está para a direita ou esquerda. Seria a pior escoteira da história, se alguma vez tivesse experimentado. Devo ter nascido sem esse "chip". Já pensei submeter-me a hipnose e tudo (aproveito e peço para deixar de gostar de todo o tipo de doces e para perder o medo de andar de avião, num três em um da hipnose).

Mais alguém padece deste mal?

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