terça-feira, 17 de novembro de 2015

Os gordos estão em vias de extinção

Antes, fazia-se dieta de vez em quando, essencialmente antes do verão. Agora, abraça-se uma vida saudável ou adotam-se novos hábitos. A longo prazo.
Antes, as mulheres andavam numa modalidade de dança qualquer e os homens jogavam futebol com os amigos. Mal falavam disso entre si. Agora, corre-se e comparam-se tempos e gadgets entre todos.
Antes, comia-se pão de mistura e já nos atribuíam o rótulo de saudáveis. Agora é preciso investir em super alimentos e levar tupperwares cheios de sementes e frutos secos para o trabalho. Quanto mais estranhas forem as sementes e os super alimentos melhor.
Antes, havia gordos. E gordinhos. E cheios. E cheiinhos. Agora comparam-se IMC e o objetivo é ser magro e tonificado. Não há gordos. Estão praticamente em vias de extinção.

Ontem, liguei a televisão e vi um ex-gordinho, meu conhecido, a dar uma entrevista sobre vida saudável, corridas e alimentação. Aliás, esqueçam o diminutivo: era mesmo gordo, sem eufemismos. Gordo e bastante amigo de um bom prato e de muita comida. Gordo e bastante amigo de jantaradas e de copadas. Agora estava magro. Magríssimo. E se dizem que a televisão engorda sempre uns quilos, nem quero imaginar ao vivo! Irreconhecível. Estava muito convicto do que respondia, enquanto defendia os benefícios das corridas, e relatava o tipo de vida que levava e os hábitos que adotou. Muito mais magro e saudável que eu. Digam-me: onde é que se anda a vender a vida saudável ao preço da chuva? Sinto que só eu é que ainda não comprei!

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