sábado, 10 de outubro de 2015

São férias, senhor?

Eu tinha visto nos filmes. Tinha visto nas séries. Tinha a imagem tão presente na cabeça que já sabia como iria ser: mudar de casa e decorar a casa nova seria romântico, divertido e motivador. Iríamos sair os dois desta experiência mais unidos e apaixonados que nunca. Sim, eu tinha visto os filmes e as cenas eram sempre mais ou menos as mesmas: ambos de ganga, ela com umas jardineiras e um top branco por baixo, cabelo apanhado num rabo de cavalo, a rirem às gargalhadas enquanto decidiam as tintas das paredes e se sujavam de forma sexy com os pincéis de tinta. Ela ficava ainda mais gira salpicada de tinta, ele ficava irresistível a martelar paredes e, no final, descobriam o quanto decorar o ninho do amor os tinha unido irremediavelmente. Eu acreditava que no nosso caso seria igual. Só que, a não ser uma ou outra imagem que recordo e recordarei para sempre com carinho, não foi de todo um processo sempre fácil, romântico, divertido e apaixonante. Foram, isso sim, quinze dias de muito suor e trabalho árduo, sem tempo para brincadeiras e gargalhadas apaixonadas. Foram quinze dias de decisões, dúvidas e decisões e dúvidas. Muitas viagens de carro de um lado para o outro. Muitas malas e sacos, e malas e saquinhos. Muitos músculos doridos. Poucas horas de sono. Muitos quilos levantados. Muitos metros medidos. E mais levantamentos. E mais medições. Pouco sono. Refeições à pressa. Devoluções. Surpresas. Bricolage. Construção. Decoração.

Valeu a pena? Sem dúvida. Tenho orgulho, muito orgulho, na casa que conseguimos começar e terminar só os dois em duas semanas. Tenho orgulho no nosso novo lar. Acho que ficou melhor ainda do que imaginávamos, superou as nossas expectativas. Mas saiu-nos do corpo, foi trabalhoso muito e duro! Hoje, para comemorar, tirámos o dia para nós os dois (a bebé ficou com os avós) e fomos passear sem pensar em mudanças. Só dar as mãos, conversar e conhecer sítios novos.
- Achas que vamos ser felizes na nova casa?
- Tenho a certeza que vamos ser muito felizes.
O processo foi difícil. Ainda para mais com uma criança que não para um segundo e que andou quase sempre connosco. Não houve jardineiras de ganga e caras salpicadas de tinta enquanto dávamos gargalhadas. Houve essencialmente concentração e suor. Mas concentração e suor que,
no fim, compensou. E acredito na palavra dele: vamos ser muito felizes aqui. 
Aqui, a nossa ajudante a montar o que sabia, enquanto nós montávamos os armários do closet.


1 comentário:

  1. que querida ! :)
    ainda bem que valeu a pena! felicidades. que construam óptimas memórias por ai

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