quinta-feira, 28 de maio de 2015

O homem da minha vida

Alguém dizia, há dias - "Sou uma sortuda por poder dizer que o homem da minha vida é também o amor da minha vida". E a discussão em torno do tema começou. Afinal, o homem da nossa vida pode não ser o amor da nossa vida? Podem ser homens diferentes? E podemos estar apaixonados por alguém que sabemos que não é tudo o que queremos? A mesma pessoa explicava que o homem a quem atribuía as maiores qualidades, o homem que mais admirava e que idealizava como "o tal" felizmente também gostava dela e tinham podido viver uma história de amor juntos. Mas acrescentava que, na opinião dela, em muitos casos, as pessoas se acomodavam a quem tinham ao seu lado em determinada altura da vida, e faziam tudo por gostar daquela pessoa em vez de continuarem a procurar "o tal" (que, nalguns casos, até sabiam perfeitamente quem era). A discussão continuou e, como é normal neste tipo de discussão, ninguém chegou a conclusão nenhuma.

Mas fiquei a pensar se poderá ser realmente assim. Como é que é possível viver uma história de amor com alguém se, conscientemente, atribuímos maiores qualidades e admiramos mais outra pessoa? Como é que é possível projetar uma vida a dois, se, quando fechamos os olhos, é noutra pessoa que pensamos e é essa pessoa que nos dá as tais borboletas na barriga? Como é que é possível viver anos e anos com alguém que se sabe que não é o homem das nossas vidas e que só estamos a gostar uma pequena parte daquilo que somos capazes de gostar? No meu caso, não me podia ter casado se, naquele dia, soubesse que a pessoa que mais admirava, a pessoa com quem mais me apetecia conversar, a "minha pessoa" não era quem estava ali à minha espera no altar. Sei que não há vidas perfeitas e que todos temos, nas relações a dois, que passar pelos altos, mas também pelos baixos. Sempre a dois. Não podemos ser viciados na felicidade contínua, ao ponto de virar costas a alguém no primeiro momento baixo. Mas merecemos ser felizes. E uma vida ao lado de alguém que já não admiramos, a quem já não atribuímos as maiores qualidades do mundo, com quem já não queremos conversar e desabafar no final do dia, de quem já nem saudades temos,... não é vida. Não podemos ser viciados na felicidade contínua, é um facto. Mas cada um de nós merece viver o amor da nossa vida ao lado do "tal". E, se isso não está previsto na Constituição da República Portuguesa, devia passar a estar.

4 comentários:

  1. Concordo a 100% contigo. E acho sinceramente que viver uma vida ao lado de alguém que não é a "nossa pessoa" deve ser das coisas mais frustrantes. E eu também seria incapaz de casar com o meu noivo se não achasse que ele é o amor da minha vida.

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  2. Anónimo14:32

    Que engraçado, a mim aconteceu-me ao contrário. Andava loucamente apaixonada por um homem, lindo charmoso, cavalheiro. Era um pedaço de mau caminho mas abanava o meu mundo como nenhum outro. Por outro lado tinha o meu melhor amigo, louco por mim. E no meu intimo sabia que ele era o tal para mim. Os mesmos ideais as mesmas paixões o mesmo querer da vida. Devido a pressões externas (estas situações são do diabo, não pegam nem deixam largar) optei por ficar com o tal. Hoje foi a melhor decisão da minha vida. Sou feliz muito feliz. Uma família linda que cresceu. O outro continua lá, não mexe comigo, mas existe ainda alguma tensão... mas não era o tal

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  3. O homem que me dá borboletas na barriga, com quem me casaria, com quem teria filhos e por quem sentiria uma paixão louca e avassaladora têm de ser a mesma pessoa. :) Mas acredito plenamente que existam pessoas felizes com escolhas diferentes, para mim não resultariam.

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  4. Quando o homem que achavamos ser "o tal", com quem vivemos um amor avassalador, nos desilude, desiste, baixa os braços... Quando achamos que não conseguimos viver uma história mais bonita depois de nos termos entregues por inteiro e, de repente, o nosso mundo desaba porque afinal esse homem, que até nos amava, mudou de planos e desrespeita tudo o que foi construído... Quando é assim, procura-se numa futura relação, em primeiro lugar, o carinho, o respeito, o amor suave, a estabilidade emocional, os planos partilhados. Quando somos magoados e quando nos desiludimos, procuramos a segurança possível de resguardarmos o coração que um dia já esteve em mil pedaços.

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