Terminei ontem o livro, mas esta imagem ficou marcada na minha memória e deixou-me a pensar: um recipiente vazio, alguém sem nada para dar a quem por nós passa. Quantos de nós não somos engolidos pelo quotidiano, pelo casa-trabalho-casa e esvaziamos o nosso recipiente de interesse e alegria? Temos mais para dar aos outros que o nosso contributo no trabalho? E pensei muito nisto talvez por causa dos acontecimentos mais recentes da minha vida. A minha avó esteve mal no Sábado. Mesmo mal. E não consegui deixar de desejar ardentemente, a dada altura, que toda a alegria e a cor que me transmitem apenas a imagem dela, o simples pensar nela, possa eu um dia transmitir a alguém. A minha avó foi, é, e sei que vai continuar a ser por muitos e muitos anos um recipiente cheio de vida, uma pessoa cheia de cor. A minha avó é a total antítese do livro, parece conter em si todas as cores do mundo.
Terminei ontem "A peregrinação do rapaz sem cor". Mas não consigo deixar de sentir que continuo eu, no meu dia-a-dia com tantos momentos insípidos, a história enquanto rapariga sem cor. E mesmo que, no livro, as explicações se revelassem afinal bem mais simples e menos dramáticas do que o que era esperado pelo Tsukuro, e mesmo que a minha avó tenha ficado bem, não consegui deixar de ficar a pensar nisto das pessoas e dos recipientes vazios e sem cor para dar aos outros. Espero que parte disto da alegria de viver e do calor que se transmite aos outros seja hereditário. E que herde eu também um pouco (sim, basta-me um pouco) da cor e da alegria da minha querida avó.
Adoro, como sempre!
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