quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O império desumidificador contra-ataca

A longa missão-desumidificador (que, entretanto, já retomei, cessei e retomei novamente, pois a humidade não brinca em serviço e anda sempre à espera da mais pequena distração para dar um ar da sua desgraça) deixou rastos da sua passagem: fiquei, desde então, com a paranoia dos cheiros. O problema é que, não sendo eu propriamente a pessoa com o olfato mais desenvolvido à face da terra (digamos que tenho um olfato razoável, numa escala que vai do nível o-meu-nariz-só-tem-efeitos-decorativos ao nível sou-um-cão-farejador-de-droga), passei a viver em constante tormento. Perguntas como “Estarei a cheirar a mofo?” ou “As minhas roupas cheirarão a roupa da avó?” ou ainda“Será que ultimamente sou convidada para menos almoços derivado do meu cheiro?” passaram a atormentar a minha vida, qual nuvem negra a pairar sobre mim. (Ok, a última questão é mesmo a gozar).

E convenhamos que viver em constante tormento pelo cheiro que as minhas roupas possam inalar não é bom. Não é agradável. Não é uma vida pacífica como aquela a que estava habituada. O desumidificador já está instalado em minha casa e pronto a sugar toda a humidade não convidada, mas fiquei com medo dos danos retroativos, por isso, lavei roupa. E lavei. E lavei. Mesmo assim, parecia que o cheiro se mantinha entranhado e não havia maneira de sair. Sinceramente, a dada altura, pensei mesmo que já seria a minha pele, as minhas células, o meu corpo, o meu nariz a cheirar a humidade, a mofo, porque o cheiro parecia sempre estar ali, a rir-se na mesma cara. Por isso, comecei a abusar do perfume e a insistir nas borrifadelas matinais, logo ao acordar. "Perfume aqui no pescoço. Agora do outro lado. No pulso direito. No pulso esquerdo. Na roupa. Ora bem…. No decote, que agora tenho mais área para perfumar ("Oh yeah"). No cabelo…" Até que, no outro dia, comecei a ouvir os protestos dele.

- Ouve lá, estás a ver se consegues acabar o perfume hoje?

Não percebem nada, os homens. Eu ali a lutar contra um dos males atuais da humanidade: a humidade. Eu ali a travar uma luta silenciosa, daquelas que não abrem telejornais, nem fazem manchetes dos jornais, é verdade, mas que são travadas na descrição das nossas vidas, nos nossos lares. Eu ali a travar a luta duma vida. E interrompeu-me a missão com protestos. Ai estes homens. Só por isso, pela falta de compreensão e solidariedade, vou pedir-lhe para me trazer um perfume novo na próxima viagem que vai fazer, para a semana. ;)

Pippa: 1. Resmungões e humidade: 0

2 comentários:

  1. Sara23:56

    Este dilema lembra-me sempre deste tesourinho da TVI:
    https://www.youtube.com/watch?v=DTU0yh9nEkg :)

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  2. Eu nunca teria essa paranóia, uma vez que o "o-meu-nariz-só-tem-efeitos-decorativos".

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