segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O corpo é que paga

Sempre dormi pouco. Muito longe de pretender dar aqui uns ares de Marcelo Rebelo de Sousa, a verdade é que a minha média de horas de sono deve rondar as 6. Mas digo-o sem orgulho nenhum, ciente de que isto se deve apenas a uma má, péssima, gestão do tempo. Repito: digo-o sem orgulho nenhum, até porque dia após dia dou por mim a escrutinar as duas crateras debaixo dos meus olhos e a prometer a mim própria – em vão – que esta noite é que vai ser, esta noite vou finalmente fazer as pazes com a cama e dar-lhe a atenção merecida. Nunca acontece. Dormir pouco provoca caras cadavéricas e pálidas. Dormir pouco provoca alguma lentidão na primeira hora do dia. Dizem até que dormir pouco provoca aumento de peso. Não há, portanto, orgulho nenhum em dormir pouco e, ainda por cima, admiti-lo, mas aqui vai.

No entanto, aquilo que me leva a escrever sobre isto, é tenho constatado que o meu corpo me tem pregado partidas. Quando finalmente decido conceder-lhe o descanso que tanto me pede, não sei se por vingança ou teimosia, acordo mais cedo do que quero. Assim, aos sábados e domingos, mesmo que decida dormir mais, acordo à mesma hora que acordo à semana, mas sem despertador, sem telefonemas, sem nada. São 8h e pouco e“txaraan”, acordadíssima. Obrigo-me a dormir, viro-me para o outro lado, fecho a persiana, tento pensar no que estava a sonhar, para voltar ao sonho… nada! O meu corpo revoltou-se da falta de descanso e decidiu fazer greve. “Ou dormes bem também durante a semana ou não dormes bem nunca! Decide!”, parece dizer-me, com um riso maquiavélico e despiciente. Por isso, hoje à noite tenho que começar a fazer as pazes com ele e tentar adormecê-lo no máximo à uma da manhã. Despeçam-se por favor desta Marcelo Rebelo de Sousa-wannabe.
O mal de dormir pouco é que depois tenho estes diálogos com o espelho.

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