terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quanto pesa um drama amoroso?

Hoje, no final do dia, uma prima emprestada ligou-me com o pretexto de ver "a barriguinha". Eu estava a ter um dia de cão, cheia de stress, cheia de dúvidas existenciais e disse logo que sim. Claro que sim! Apetecia-me tanto espairecer... Já eram quase dez da noite quando saí para a rua e só queria pensar em tudo menos em trabalho. Ela já estava à minha espera vinda do ginásio. Vida boa, pensei eu do alto da minha cara branca e olheiras de tantas horas em frente ao computador. Quando demos por ela, estávamos a comer sushi e eu a desabafar afinal sobre os stresses normais do dia. Não queria que a conversa seguisse esse caminho, mas não consegui evitar. Foi mais forte que eu. E então falei, falei, falei. Fiquei com menos uma tonelada em cima dos ombros. No fim, disse-lhe que tinha que tinha que passear a Malti, convidei-a a juntar-se a nós e acabámos as três a dar uma voltinha.
- Como é que estás com o X?, perguntei a meio.
E foi então a vez de a ver descarregar uma tonelada de cima dos ombros. Falou, falou, falou. Contou os seus dramas amorosos. Desabafou. Contou tudo ao pormenor. As dúvidas, as incertezas, os medos. Ouvi-a e ia dando algumas opiniões. No fim de mais de uma hora de conversa, pediu-me desculpa:
- Macei-te com a minha história, não macei?
Não podia estar mais enganada. Os problemas dos outros não nos tornam mais felizes. De forma alguma. Estou feliz se os meus amigos estão felizes. Mas hoje, não sei porquê, o saber que diariamente pessoas se debatem com problemas amorosos e só desejavam ter já uma relação sólida, enquanto outras têm isso mas queixam-se do trabalho, às vezes serve para isto - para relativizarmos os nossos dramas. O trabalho correu mal? Ok, mas tenho trabalho. Na área que sempre quis.
A ganhar o que pedi para mim. E saúde. E alguém que gosta de mim e com quem quero partilhar a vida. Tenho uma filha na barriga. Problemas? Problemas todos temos, afinal. E ouvir a minha prima emprestada a falar dos seus problemas amorosos fez-me colocar tudo em perspetiva. Fez-me perceber que os meus problemas são mais irrelevantes do que me parecem se forem vistos de fora. Fez-me respirar fundo. Nunca temos tudo, pois não? Que tenhamos então as pessoas para desabafar sobre estes nossos nadas. Que tenhamos pessoas para fazer estas trocas de problemas: conta-me os teus que eu conto-te os meus. Que tenhamos pessoas a quem dar a nossa tonelada de dúvidas. E que nos deem as suas. Porque as toneladas dos outros são tão mais leves de carregar...

4 comentários:

  1. Os problemas dos outros são sempre mis leves. Mas, tudo depende de como encaramos os problemas, alguns devem mesmo ser relativizados, como os do trabalho.

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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  2. Concordo, mas porque nesse caso houve reciprocidade. E quando não há esse quid pro quo? Quando nos cruzamos com quem apenas se quer ouvir?
    Já abordei o tema, porque espero que não aconteça só comigo... (http://acasinhadaboneca.blogspot.pt/2013/09/de-quem-nos-suga-energia-positiva.html)

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  3. Não é que fiquemos felizes com os problemas alheios.É uma forma de não nos sentirmos as únicas vítimas no mundo.

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  4. As pessoas nunca estão satisfeitas. Falta sempre algo. E isto não tem de ser algo negativo. Acho é que é importante aprender a viver com o que temos, quando isso nos realiza, sem estar apenas focado em querer sempre mais e mais e mais acabando por ficar cegos com essa sede.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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