sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Adiar o prazer

Ando há semanas a ver os últimos episódios do "Homeland" para adiar o momento do grande final. Sempre fiz isso com as séries. Faço isso com os livros - quando começam a chegar ao fim, começo a ler mais devagar e, por vezes, até recuo páginas para saborear cada palavra que se aproxima do fim. Faço isso com as caixas de bombons - se há um preferido, deixo-o ali à espera, a olhar para mim, até o ir buscar no final. Até já fiz isso nas relações - se gostava a sério do rapaz, adiava ao máximo o primeiro beijo. No entanto, a falar com uma amiga solteira sobre até onde se deve resistir nos encontros amorosos, a partir dos vinte e muitos, dei por mim sem resposta.
- Achas que as relações em que esperaste mais até acontecer alguma coisa foram as que duraram mais tempo?, perguntou-me.
A verdade é que não foram. A verdade é que tenho a história de amor mais atípica de sempre, eu, romântica incurável e supostamente adepta do adiar do prazer A verdade é que a minha história de amor toda trocada, sem grandes regras nem nada, provou ser, afinal, "a" tal.
- Achas que estraguei tudo por ter sido tão fácil?, perguntava-me ela, mais uma vez, a medo.
Não estragou nada. O que estraga é isto: estes medos. O perguntar à amiga em vez de lhe ligar a ele a perguntar. O que estraga são as dúvidas, as inseguranças, as incertezas.
- Achas que devia ligar-lhe?, acrescentou, quase a sussurrar.
- Acho que estás há quinze minutos a falar com a pessoa errada. Liga-lhe mas é.
- O quê?...
E desliguei a chamada, para a deixar com a linha livre para telefonar ao tal rapaz.
O Homeland espera. Os livros esperam. Os chocolates esperam. Já ele, eu não sabia.
Não sei como é que nunca mais me convidam para ser madrinha de casamento...

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