terça-feira, 2 de abril de 2013

Fim-de-semana bom é...

...Depois de horas a arrastar móveis, em compras no Ikea ou no Leroy Merlin, a dar uma perninha na decoração ou no bricolage, finalmente receber o descanso merecido. Porque fiquei fisicamente cansada com tanta coisa! Assim, aproveitei o Sábado e o Domingo para dormir bastante e assumir perante mim mesma que, se não posso vencer a chuva.... não devo lutar contra ela! Andei de bicicleta quando o Sol apareceu, mas depois rapidamente esqueci a mala já preparada com equipamento de corrida, ignorei o ipod e a vontade (pouca) de correr e atirei-me de cabeça para o sofá, para dois serões cinematográficos, mal o mau tempo reapareceu.

Primeiro, foi o "Ferrugem e Osso" (no original, "De rouille e d'os" - aqui), um filme francês do Jacques Audiard. Confesso que cada vez mais me rendo ao cinema francês. Cada vez me rendo mais às paisagens magníficas apresentadas  - neste caso, o azul intenso e feito de luz das praias de Antibes, no Sul do França, em cujas águas temos vontade de mergulhar e ali ficarmos esquecidos. Rendo-me aos actores - aqui, a belíssima Marion Coutillard, num papel que poderia simplesmente ser de dor e revolta, mas é essencialmente de força, luta e garra. Rendo-me à crueza da história, sem tempo para autocomiserações ou perguntas. Não há porquês, porque também não há grandes respostas. Ele não tem mulher? Tem que criar o filho sozinho? Sem emprego? Há que avançar. Agir. Reagir. Ela perdeu as pernas? O emprego dos seus sonhos? O marido? Perdeu parte de si? Felizmente encontra-o a ele. E ele ajuda-a a emergir da dor. Flutuar. E ela fecha os olhos e entrega-se. E é vê-la feliz, no mar azul intenso e feito de luz. Cheio de luz. Esperança. Aquele Robocop, metade aço, metade curvas femininas e olhos cor do mar ergue-se, no fim de tudo. E apesar do nome do filme referir a "ferrugem", acreditamos que parte daquela mulher é feita de material inoxidável. No fim, aquele Robocop feminino acaba por se entender com aquele monte de ossos, o seu salvador. Não têm coração, tentam dizer-nos. Insistem até acreditarmos que são ambos insensíveis e sem tempo para amar. Saímos do filme a achar precisamente o contrário. Há esperança.

Depois, foi a vez do não-tão-recente "Extremamente Alto, Incrivelmente Perto" (aqui). Se, no primeiro filme, não havia espaço para lágrimas ou desespero, aqui as mesmas lágrimas parecem sempre estar a ser apenas adiadas. Estão mesmo. É impossível terminar o filme sem sentir nada. O momento final, com a Sandra Bullock a mostrar um novo lado seu, enquanto mãe até aí fria e ausente, faz toda a procura (em vão?) valer a pena. Oskar ficou orfão do seu pai (Tom Hanks), que se encontrava nas Torres Gémeas no 11 de Setembro. Conta-nos que a luz do Sol demora 8 minutos a chegar à Terra, pelo que, se o Sol se apagasse, só saberíamos 8 minutos depois. Oskar vai tentar, portanto, prolongar os seus 8 minutos. Quer adiar ao máximo o momento em que interioriza a morte do seu pai, e entrega-se à maior busca alguma vez levada a cabo, na tentativa de tentar encontrar um porquê para tudo, um porquê que acalme as milhares de questões que os seus interrogativos gigantes olhos azuis parecem carregar. Posso ter gostado mais do primeiro filme, por ser mais cru, mas também gostei muito deste e de toda a esperança que nos transmite sempre.

Aconselho o primeiro filme para quem gostar mais de filmes duros e realistas, cheios de pele, ossos e dor a nú. O segundo filme é para quem preferir uma abordagem mais romântica, emotiva e determinada duma história também trágica. De qualquer das formas, gostei dos dois filmes. Foram boas surpresas. E fiquei feliz por ter havido pelo menos um lado positivo no meio de tanta chuva.

3 comentários:

  1. Anónimo00:25

    A luz do Sol demora 8 minutos a chegar à Terra e não 8 horas.

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    1. Obrigada pela correcção! É isso mesmo. :) Vou alterar, enganei-me.

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  2. Anónimo06:29

    Para quem tem como tema do blog F1 e futebol, diria falta aí qualquer "coisa" ao fim de semana "bom"?! :)
    ...deixa lá, comentário de gajo!
    Parabéns pela escrita.
    E.

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