terça-feira, 5 de março de 2013

Uma grande revelação

Esta história não aconteceu comigo, mas podia ter acontecido. A mim ou a qualquer um de vocês.
Esta minha amiga (não, não sou mesmo eu!) ficou a dormir em casa do novo namorado. A relação era recente, estavam a habituar-se ao nome "namorados" e queriam saborear cada momento sem pressas. Queriam viver cada momento de cada vez, sem famílias ainda envolvidas, sem dar a mão em público, sem o acto oficial de anunciar. Não iam poder namorar escondidos para sempre, mas estes momentos iniciais de secretismo tinham até o seu quê de emocionantes.
Ou melhor - tinham, até que a mãe dela decidiu telefonar-lhe.
Trrrim!
- Filha, como estás?
- Estou óptima. Estou aqui em casa da X a fazer um trabalho de grupo.
- Muito bem! E a avó dela está melhor? Não estava doente?
- Doente?... Ah, pois estava. Mas já está melhor!
- Manda-lhe um beijinho meu, sim?
- Mando, sim.
A chamada cai. Ela tinha ficado sem bateria. Virou-se para o namorado:
- Emprestas-me aí o telemóvel? Preciso de ligar à minha mãe, se não, ela liga para a X.
- Claro, toma!!
O problema lá ficou resolvido. Falou com a mãe e esta nunca descobriu onde a filha estava realmente a dormir.
Passado uns tempos, sem saldo no seu telemóvel, pediu à mãe para lhe deixar enviar umas mensagens escritas do seu telemóvel. A mãe lá acedeu, sem questionar. Mais um problema resolvido.
Até que... um certo dia, sem que nada o fizesse prever, a mãe espreitou o seu quarto, de mansinho, e pediu para falarem.
- Podemos falar, filha?
- Claro. Que se passa, mãe? Está tudo bem?
- Sim. Vou sentar-me aqui na tua cama, ok? Senta-te aqui comigo, para falarmos um bocadinho.
- Mãe... Estou preocupada!
- Filha, sabes que gosto muito de ti, não sabes?
- Sim... Estou a ficar assustada...
- Não fiques. Só queria dizer que, gostes de quem gostares, vou sempre ser tua mãe e apoiar-te em tudo. Sabes disso, não sabes?
- Claro! Mas em que é que preciso de apoio? Não estou a perceber.
- Filha, não fiques triste comigo, mas li as tuas mensagens sem querer. As que enviaste do meu telemóvel...
- Oh... leste porquê?
- Porque andas muito desaparecida, misteriosa... E deixaste as mensagens no meu telemóvel, não resisti...
- Pois. E então?
- Então namoras, não é?
- Sim, estamos a ver no que dá. Estamos a conhecer-nos.
- E gostas mesmo dela?
- Dela?
- Sim, eu sei que namoras com a X. Vi que foi com ela que trocaste mensagens.
- O quê?
- Filha, eu gravei o número dela quando me ligaste do telemóvel dela, no último fim-de-semana.
- Ahahah. Achas que sou lésbica?
- Filha, não tem mal. Vou sempre aceitar-te.
- Ahahah.
Agora, tem piada. Para a mãe dela, foi uma semana sem dormir, convencida que a filha era homossexual e tentar a assimilar aquela ideia aos poucos. Afinal não era. Era tão heterossexual quanto fosse possível. Acontece que ainda agora brincam com isso, sempre que a X vai lá a casa.
- Vem cá a minha namorada, ok, mãe?
- Brinca, brinca... queria ver se fosse contigo!
Ao contrário teria sido igual, claro. Por muito liberais e open minded que sejamos, estas notícias custam sempre um bocadinho a assimilar, não é?

7 comentários:

  1. Os pais topam tudo. Por mais que os filhos pensem que são os mestres do disfarce. Podem ter ideias erradas mas topam sempre que algo está diferente.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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  2. adorei a história xDD
    no meu caso os meus pais descobriram, era mesmo verdade e tiveram de aceitar XD

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  3. Também já aconteceu com uma amiga minha.
    Ela pôs um nome de outra rapariga no número de telemóvel de um rapaz que andava atrás dela. A avó gostava de lhe cuscar o telemóvel e depois começou a mandar indiretas do tipo "sempre achei que aquela Joana era muito estranha..." "Tens de deixar de andar com essa rapariga, ela não é boa companhia!".

    É o que dão as cusquices...

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  4. eheh coitada dessa mãe a pensar num problema e afinal era outro =)

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  5. LOL, ninguém lhe mandou ser cusca :P

    Eu, sinceramente, não sei se teria dificuldade em aceitar se o meu filho um dia me dissesse que era gay. Ou melhor, até sei. Iria aceitar e admirá-lo por assumir, mas tendo sempre em conta que a sociedade é a merda q é e q ele podia sempre sofrer com isso.

    N tnh qq tipo de problemas com gays ou lésbicas, as pessoas q me são mais próximas são-no e lido com isso desde miúda, sem problema algum.

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  6. Anónimo22:27

    Já os meus, quando lhes contei que namoro com uma rapariga, ameaçaram-me e disseram-me que preferiam que eu estivesse doente :)
    Por mais que lhes custe assimilar, há sempre um limite. Acho que a mãe da tua amiga foi muito corajosa e uma grande amiga dela.

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  7. Bom, eu já falei sobre isso com o meu marido e filhas. Se alguma delas me dissesse que é homossexual, o meu marido disse que é na boa, que não se importa nada. Eu disse que não vou saltar de contentamento até porque sei as dificuldades que isso ainda traz. Por muito liberal que eu seja e por todas as merdas que tenha feito na adolescência, sim, ainda há coisas que não se fazem cantando e rindo. Mas seria incapaz de falar contra ou tentar impedir, quem sou eu para mexer na felicidade "marital" das minhas filhas??

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