quinta-feira, 14 de março de 2013

Não quero parecer convencida, mas...

...Vou ser. ;)

Trabalhámos juntos, eu e este jovem que hoje evoco, e, se houve alguém com que me incompatibilizei em trabalho, foi com ele. Aquilo não dava. Era impossível. Eu dizia algo, ele tentava completar, para mostrar que também tinha estudado, mesmo que a conversa não fosse com ele. Eu mandava email geral com alguma informação, ele respondia para todos a acrescentar qualquer coisa, de forma a poder ficar com a última palavra.

Era tão, mas tão competitivo que chegámos a descobrir que tinha convidado a pessoa que estava acima de nós para uma conferência, para irem só os dois, e sem ter falado com os restantes. Nós, que até éramos um grupo coeso e estávamos sempre a partilhar informações sobre conferências, pós-graduações ou demais cursos. Descobrimos isto, apenas porque essa pessoa, nosso superior hierárquico, era um pouco para o desbocada e comentou connosco "então o X enviou-me um email a convidar-me para ir àquela conferência? Vocês não vêm também?". Não lhe dissemos nada e esperámos pelo dia da conferência, para confirmarmos se sempre ia. Faltou e disse-nos que estava doente. Foi a gota de água.

Chamei-o à parte, quando regressou da "súbita doença" e tentei chamá-lo à razão e mostrar que tinha sido um egoísta do pior. Explicou que era importante para a tese de mestrado dele, que achou que nós não íamos querer saber e outras desculpas esfarrapadas. A partir daí, admito que comecei a responder-lhe torto e que ele atiçou em mim um monstro tirano que desconhecia. Ele falava e algo em mim accionava. Uma raiva que nunca tinha sentido. Comecei a ter aversão à voz tremida dele. À pronúncia indefinida, que me soava a espanhol com brasileiro e transmontano. Às piadas fora do contexto. Enfim... passei a ver só defeitos. E a tratá-lo cada vez pior.

Resultado? Sem querer ser convencida, repito, descobri a fórmula secreta para que o rapaz se apaixonasse por mim. Começou a seguir-me para todo o lado. Para o café. Para a rua. A sair à mesma hora que eu. Começou a fazer-me truques de magia no elevador. A tocar-me na orelha para tirar uma moeda, como fazem nos filmes. A mandar-me mensagens por tudo e por nada. A mandar emails com poemas. Com músicas. Começou a comentar o meu perfume. A perguntar pelo meu namorado, etc. Até que deixámos de ser colegas de trabalho, com o tempo, deixámos praticamente de falar.

Descobri, portanto, que sou mais sexy no meu modo monstro. Infelizmente, acho que até sou simpática e boazinha, por norma, pelo que esta história nunca mais se repetiu. Será que isto acontece com todos os tiranos? As vítimas acabam por desenvolver fantasias com os seus agressores verbais? Vale a pena pensar nisso...

3 comentários:

  1. Realmente há homens que apreciam ser maltratados!

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  2. good_girl23:12

    É a velha formula "quanto mais me bates, mais gosto de ti" a funcionar.
    Se queres o efeito contrário, já sabes, é só voltar a ser boazinha.. ou melhor, fazê-lo acreditar que sim ;)

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  3. Muito bom :)

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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